quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Tudo nessa vida passa, tudo passará !

Amanhã faz um semana que o Luis está internado, vai fazer uma semana que eu durmo á noite toda, que eu não tenho que fazer toda aquele ritual de troca de fralda, lanche, remédios mil, pedidos do tipo não grite... me deixe dormir, não acordo com cheiro de xixi na casa, nem cheiro de vômito.A internação é em um lugar onde ele está sendo bem tratado, o visito sempre que posso, ele está bem, aparentemente bem, está no soro  e respondendo mais ou menos ao tratamento, mas na medida do possível bem.Ele precisa de sonda gástrica e sonda urinária, isso só pode ser feita em hospital, e por isso ele está na fila para ser transferido, espero que essa vaga saia, em casa está muito difícil cuidar dele, ele é pesado, e levantá-lo sozinha pra trocar roupa de cama e fralda é muito difícil, levo cada pancada por causa dos movimentos involuntários que ele tem.Já fiz muito por ele, e hoje não sou mais uma garotinha, o peso da idade está chegando e vivo cansada e estressada.Cuidar  de uma pessoa doente sozinha não é mole, eu vivo 24 horas por dia há 11 anos para ele, tenho que desdobrar meu tempo entre minhas filhas e ele, sendo que ele me dá mais trabalho que minhas filhas.Estou esgotada!
(esse texto foi escrito, no domingo 16-02-14, ele faleceu segunda 17-02-14, dia 21-02-14 eu fiz 38 anos como foi visto no post anterior).
----------
Depois dessa uma semana o que ninguém esperava aconteceu, uma infecção urinária , foi fatal, houve um choque séptico, uma semana de internação, de troca de antibióticos que não faziam mais efeito e assim se foi o Luis, ao seu descanso eterno ou não, mais se foi  em paz bem na medida do possivel, seu corpo descansou, estava calmo, não havia mais movimentos involuntários, não havia mais agonia, nem desespero em seus olhos, voltou á ser o melhor que podemos ser, que é um espirito em paz, virou um ser de luz, tudo passou, todo nosso sofrimento passou, para eu por enquanto, já que minhas filhas também podem ter a doença do pai, para ele acho que passou pra sempre.A familia dele falava de incapacidade diante dele, eu nunca disse isso, troquei da primeira á ultima fralda geriátrica, comprei a primeira e a ultima mamadeira que ele usou por conta da dificuldade de engolir e pelo risco de engasgos, fui útil o quanto pudi, fique em todos os momentos ao seu lado, mesmo derrotada fiquei sim, quantas vezes chorei sobre ele enquanto o dava banho na cama hospitalar, ou lhe dava comida batida no liquidificador, um homem de 42 anos, que era uma criança até para suas filhas, mas foi a mais velha que comprou a roupa que enterramos ele, foi ela quem escolheu, ele estava  vestido como se fosse para uma festa, lindo e tranquilo.Chorei tanto com ele em vida que ainda não consegui chorar de verdade agora que ele faleceu, ainda não desabei, estou me segurando muito bem, até melhor que imaginava, sigo minha vida como sempre, agora com um pouco mais de liberdade, tenho minhas filhas e minha familia que me apoiam, me dão força pro dia-dia, e vou tocando.
---------------
A minha família foi um caso á parte, sempre me apoiaram, até no momento mais dificil, que foi quando o corpo dele estava sendo velado e eu no cartório tentando fazer a certidão e tive que voltar ao hospital onde ele faleceu pq o médico não preencheu o formulário direito, eles ficaram velando ele por mim, quem mais faria isso por alguém, obrigada Deus por ter sempre ao meu lado uma familia tão boa comigo.

domingo, 23 de fevereiro de 2014